Eu sou Doutor Francinaldo Gomes, médico neurocirurgião, especialista em neuromodulação, epilepsia e cannabis medicinal, e neste artigo falarei sobre o chip Neuralink.
Atualmente temos tido muitos os avanços no desenvolvimento de interface cérebro máquina que vem se estabelecendo através de implantes de chips diretamente na superfície do sistema nervoso.
Este assunto vem ganhando notoridade desde que foi anunciado pela empresa neuralink do bilionário Elon Musk de que foi feito o primeiro implante de um chip no cérebro de humano, o Neuralink.
O chip tem como objetivo interpretar as ondas cerebrais e possibilitar que essa pessoa realize comandos sem precisar usar os membros, por exemplo.
Neste artigo você vai aprender dentre outros assuntos:
- Quais os princípios que regem o olvimento desta nova tecnologia
- Em que ela difere dos demais implantes utilizados para o tratamento de doenças neurológicas como o DBS, para a doença de Parkinson, e o VNS para as pessoas que sofrem com epilepsia
- Como é feito o implante do chip na superfície do sistema nervoso
- Como é que o chip funciona
- O que esperar dessa nova tecnologia
- Como ficam as questões éticas desse tipo de procedimento.
Princípios neurológicos que possibilitam o Neuralink.
Afinal quais os princípios que regem o desenvolvimento do chip Neuralink?
É bem conhecido que o cérebro humano funciona por meio de correntes elétricas e que estas correntes elétricas se propagam das várias regiões para a superfície do tecido cerebral e elas podem ser detectadas por exames.
Um exemplo é o eletroencefalograma, que é um exame comumente feito em pessoas que sofrem com epilepsia.
O uso de dispositivos implantados diretamente na superfície cerebral permite que as ondas cerebrais sejam captadas de forma mais efetiva, pois não existem barreiras como por exemplo a pele e o osso.
Também já é sabido que cada região cerebral possui um padrão de ondas elétricas, algo como uma identidade funcional, que diferencia uma região das demais.
Quando pensamos em pegar um objeto que está próximo há um padrão de ondas cerebrais único e ele é diferente dos demais padrões de quando pretendemos executar outras ações.
É exatamente neste princípio que se baseia o desenvolvimento desta nova tecnologia.
Quando uma pessoa perde o membro do corpo, ou fica impossibilitada de movimentar um determinado membro, as ondas cerebrais que comandavam aquele movimento daquele membro continuam existindo.
Então se a pessoa tem a intenção de usar o membro o dispositivo Neuralink é capaz de capturar essas ondas, interpretá-las e transmiti-las a um objeto que se deseja manipular permitirá que o comando possa ser executado, mesmo que o membro do corpo esteja impossibilitado de fazê-lo.
Em que essa nova tecnologia difere dos demais implantes?
Há outros tipos de implantes cerebrais atualmente, como o DBS e o VNS.
Esse sistemas são utilizados para tratar pessoas que sofrem com doença de parkinson (DBS) e para pessoas com epilepsia (VNS).
Mas a Neuralink é diferente de outros chips cerebrais?
Sim, afinal esses sistemas atuam enviando estímulos elétricos para determinadas regiões cerebrais para regular o seu funcionamento, porém esses dispositivos não são capazes de captar os estímulos destas regiões e utilizá-los.
Então é diferente da tecnologia Telepatia, nome dado a essa tecnologia desenvolvida pela Neuralink, neste sistema as ondas captadas são enviadas para outros dispositivos a fim de executar os comandos necessários.
Portanto o DBS e o VNS, por exemplo não captam as ondas, eles enviam as ondas elétricas para regular o funcionamento de determinada região cerebral, já o sistema telepatia ele capta as ondas das regiões e as transmite para um outro dispositivo que vai interpretar essas ondas e transformá-las em comandos para determinados objetos.
Como é feito o implante do chip?
O neuralink usa de eletrodos ultra finos que são implantados por meio de um procedimento cirúrgico guiado por robô na região cerebral desejada de acordo com o objetivo de cada pessoa de cada movimento a ser executado.
Como é o funcionamento do chip cerebral Neuralink?
O chip que tem o tamanho aproximado de uma moeda recebe as ondas cerebrais captadas pelos eletrodos e as transmite para um aplicativo da Neuralink que interpreta estas ondas e as transforma em comandos para objetos como celulares computadores e tablets
O que esperar desta nova tecnologia?
Essa nova tecnologia de implante cerebral abriria possibilidades para uma ampla gama de aplicações incluindo o tratamento de condições neurológicas, melhoria no desempenho humano e até mesmo a capacidade de fundir a inteligência artificial com a cognição e aptidões humanas.
Como ficam as questões éticas?
Este novo procedimento, embora sejam incrivelmente promissores, também levantam algumas questões éticas e de segurança associadas ao desenvolvimento de interface cérebro máquina que precisam ser levadas em conta.
Isso inclui preocupações com a questão da privacidade da segurança cibernética, riscos de cirurgia invasiva e a natureza potencialmente disruptiva da tecnologia.
Portanto o progresso vem sendo acompanhado de perto por especialistas em diversas áreas incluindo a neurociência ética e regulamentação.
Considerações finais sobre a Neuralink.
Para concluir, a medicina está sempre avançando e buscando novas formas de trazer qualidade de vida e longevidade para os seres humanos.
As técnicas de neuromodulação cerebral têm papel importantíssimo neste avanço, pois elas têm possibilitado o controle de várias doenças e correção de funções que foram prejudicadas por doença,s por acidentes e por outras questões.
Com o avançar dos estudos cada vez mais pessoas serão beneficiadas pelas tecnologias de implantes cerebrais.
Coloque em prática o que aprendeu neste artigo e se o conteúdo dele foi útil, peço que se compartilhe nos comentários.
Dr. Francinaldo Gomes é Neurocirurgião. Mestre em Neurociências. Membro da Comissão de Apoio, Qualificação e Gestão Empresarial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Número de registro: CRM 6346 PA – RQE 3805 CRM 103790 SP – RQE 30517