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[2023] Tipos de epilepsia: sintomas e crises específicas

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Eu sou o Dr. Francinaldo Gomes, neurocirurgião especialista em neuromodulação, epilepsia e cannabis medicinal, e neste artigo irei esclarecer as suas dúvidas sobre as epilepsias.

Você está transitando em uma rua bastante movimentada e se depara com uma pessoa que caiu subitamente ao chão. Ao se aproximar, percebe que ela está inconsciente, salivando muito, roncando e tendo espasmos musculares, se retorcendo o tempo todo

Você então aciona o serviço de emergência e enquanto espera, cuida para que a pessoa não se machuque nem se engasgue com a própria saliva. 

Ao chegar o serviço de emergência e serem prestados os primeiros socorros a pessoa é levada para o hospital, para receber os cuidados adequados.

Você acompanha o transporte e recebe a informação de que se trata de um indivíduo que apresentou uma crise convulsiva, sendo uma pessoa com epilepsia.

Neste artigo iremos tratar sobre os tipos de epilepsia. quais são os sintomas e crises especificas.

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O que é epilepsia?

É uma condição médica que se manifesta principalmente por meio de crises epilépticas não provocadas, nas quais por um determinado período de tempo, há um mau funcionamento de uma determinada região do cérebro. Que emite descargas ou impulsos elétricos anormais.

Essa condição costuma ocorrer por tempo limitado, de tal forma que após alguns períodos a pessoa volta ao seu estado normal.

Além das crises epilépticas a pessoa com epilepsia pode apresentar alterações de: 

No período entre estas descargas, grande parte das pessoas costuma ficar em seu estado normal, como se não tivessem absolutamente nada.

Os tipos de epilepsia atingem cerca de 2% da população mundial, sendo uma das doenças neurológicas mais frequentes, que impõem grandes limitações na qualidade de vida.

Quais são os tipos de epilepsia?

Existem dois tipos de epilepsia: epilepsias parciais e as generalizadas.

Na epilepsia parcial essa emissão de descarga neurológica incorreta fica limitada apenas uma parte do cérebro, enquanto na epilepsia generalizada a descarga afeta todo o cérebro.

Quando uma pessoa tem epilepsia ela apresenta crises variadas, que estão relacionadas a extensão das descargas anormais. 

Os sintomas variam bastante e tem pessoas que podem ter epilepsia com sintomas bem a menos.

No geral essa é uma condição bastante comum afetando vários indivíduos, também pode afetar crianças, na modalidade da epilepsia infantil.

O diagnóstico de epilepsia é feito por meio de exames de imagem, que fornecem detalhes do cérebro como a ressonância magnética. Além de testes eletrofisiológicos como: eletroencefalograma e o vídeo eletroencefalograma.

A epilepsia não é uma doença causada pelo consumo de drogas ou febre alta, sendo que elas podem se apresentar de forma similares, mas são condições com tratamentos diferentes.

Tipos de crises epiléticas: O que são?

Existem dois tipos principais de crises convulsivas (ou crises epilépticas): as focais também chamadas de crises parciais e as crises epilépticas generalizadas.

As crises focais começam com uma descarga elétrica anormal, restrita a uma pequena região do cérebro. 

São ainda classificadas pela área do cérebro em que se originam os seus efeitos no nível de consciência da pessoa, que é a capacidade de resposta e memória.

Os sintomas podem incluir comportamentos, pensamentos ou mesmo movimentos alterados. 

As crises convulsivas focais podem se espalhar amplamente por todo cérebro causando uma convulsão tônico-clônica que é uma convulsão generalizada na qual envolve uma perda da consciência e abalos musculares muito fortes. 

As crises focais ou convulsões focais podem ser causadas por uma anormalidade estrutural subjacente no cérebro.

No entanto, os resultados da ressonância magnética geralmente são normais. Embora não seja identificada nenhuma anormalidade, entendemos que algo está errado com o grupo de neurônios ou células cerebrais, em uma ou mais áreas específicas do cérebro. 

As convulsões focais também podem ser causadas por: 

Crises do Lóbulo temporal 

Costumam integrar uma categoria de crise focais e são o tipo mais comum de epilepsia que não respondem ao uso dos remédios,

O lóbulo temporal está localizado abaixo das têmporas, em ambos os lados da cabeça e é responsável pela memória, emoções, interpretação dos sons e pela compreensão da linguagem. 

As convulsões no lóbulo temporal variam em intensidade, podendo serem tão suaves que a pessoa mal percebe que está tendo uma crise, assim como as pessoas em volta também não costumam perceber.

Por exemplo, uma pessoa pode perceber uma sensação estranha no estômago ou dizer que algo está com cheiro esquisito. 

Em outras ocasiões uma pessoa pode se sentir consumida por sentimentos de medo, ansiedade ou perda da realidade.

Pessoas com crises do lóbulo temporal tendem a realizar movimentos repetitivos chamados de automatismo, durante as crises parciais complexas. 

Isso pode incluir, por exemplo, passar os lábios um no outro ou esfregar as mãos

Crises do Lóbulo frontal

Costumam ser a segunda forma mais comum de epilepsia, envolvem o lóbulo frontal que está localizado atrás da testa na parte da frente da cabeça.

As crises do lobo frontal costumam afetar o movimento do corpo, a tomada de decisão e mesmo alterações emocionais. Dependendo da área do lobo frontal envolvida os sintomas podem incluir: acordar à noite, debater-se e movimentar as extremidades inferiores.

Essas convulsões geralmente ocorrem à noite, durante o sono.

Crises do Lóbulo occipital

Nosso lóbulo occipital fica na parte de trás do cérebro, atrás dos lóbulos parietal e temporal. O lóbulo occipital é o responsável pela parte da interpretação visual no cérebro 

As convulsões do Lóbulo occipital representam apenas 5% de todas as convulsões que podem ocorrer em uma pessoa com epilepsia.

Pode não haver causa conhecida desse tipo de convulsão ou pode-se encontrar uma pessoa com lesão ou com uma área normal na região occipital.

As crises do lóbulo occipital podem começar com: alucinações visuais de luzes trêmulas ou coloridas. 

Os sintomas podem ocorrer espontaneamente ou podem ser desencadeados por estímulos visuais como luzes piscantes ou um padrão repetitivo.

As convulsões do lóbulo occipital podem ser confundidas com dores de cabeça ou enxaqueca, porque causam sintomas semelhantes, incluindo: 

Crises do Lóbulo parietal 

As convulsões que acometem o lobo parietal também representam apenas 5% de todas as convulsões experimentados pelas pessoas que tem epilepsia 

O lóbulo parietal está localizado perto do centro da cabeça. 

Essa é a parte responsável pelo processamento das informações sobre a sensibilidade,dor e temperatura corporal.

O que são as crises generalizadas?

As crises generalizadas começam com uma descarga elétrica excessiva e generalizada, envolvendo ambos os hemisférios cerebrais.

Os sintomas incluem: 

Quando todo cérebro está envolvido os sintomas incluem: movimentos rítmicos e do corpo inteiro. 

As convulsões que surgem de ambos os hemisférios do cérebro ao mesmo tempo são características de um tipo de epilepsia chamada epilepsia generalizada. Ou que pode ser primária ou idiopática.

Presume-se que a causa das convulsões generalizadas seja genética, apenas raramente é conhecida a anormalidade genética, mas frequentemente é desconhecido e nenhum outro membro da família é conhecido por ter epilepsia.

3 tipos principais de crises generalizadas 

Crise de Ausência

As crises de ausência são muito breves e não fazem com que a pessoa caia ao chão e ou tenha movimentos significativos de agitação.

As crises típicas de ausência envolvem uma interrupção repentina do movimento com o olhar fixo e às vezes com o piscar de olhos. 

Às vezes ocorre uma leve perda do tônus muscular fazendo com que a pessoa se incline um pouco para frente ou para trás.

Essas crises geralmente duram apenas de 3 a 10 segundos e não há confusão antes ou depois da crise. 

Crises mioclônicas

As crises mioclônicas causam breves movimentos bruscos, como um choque em um músculo ou grupo de músculos.

Esse tipo de convulsão geralmente causa movimentos bruscos nos dois lados do corpo ao mesmo tempo. 

As síndromes epilépticas que incluem crises mioclônicas geralmente começam na infância, no entanto, essas convulsões podem ocorrer em qualquer idade.

As crises tônico-clônicas generalizadas começam em um dos lados do cérebro e fazem com que o corpo enrijeça, chamada de fase tônica. E depois convulsionam ou sacodem, conhecida como fase crônica.

A epilepsia mioclônica progressiva é rara, além das convulsões os sintomas podem incluir: 

Epilepsia reflexa 

Neste tipo de epilepsia as convulsões são desencadeadas por estímulos ambientais específicos, se luzes intermitentes desencadearem uma convulsão, por exemplo, isso é chamado de epilepsia fotossensível.

A epilepsia reflexa geralmente começa na infância, sendo superada na idade adulta.

Os gatilhos ambientais também podem incluir sons: o toque dos sinos de uma igreja, uma determinada música ou tipo de música ou som da voz de uma pessoa também pode provocar convulsões em adultos que tem a epilepsia reflexa.

Para algumas pessoas atividades como ler, escrever, resolver problemas de matemática e até pensar em um determinado assunto também podem provocar crises convulsivas.

 Esses estímulos não visuais podem desencadear crises generalizadas ou focais. 

O que é epilepsia infantil ?

A palavra tem sua origem no idioma grego, que significa um evento inesperado. 

Seu primeiro registro na literatura médica foi em 1873, quando o neurologista inglês John Higgins Jackson definiu e classificou as crises, que anteriormente eram definidas como quedas seguidas de contrações. 

Portanto, a epilepsia pode ser caracterizada como uma condição neurológica que afeta o cérebro e o sistema nervoso. 

O nosso cérebro é composto por milhões de células nervosas, que usam os sinais elétricos para controlar as funções, sentidos e pensamentos do corpo. 

A interrupção desses sinais caracteriza o ataque epilético, uma alteração temporária e na maioria das vezes reversível do funcionamento cerebral.

O aparecimento de duas ou mais crises no intervalo de um ano caracteriza a doença a epilepsia é um dos distúrbios neurológicos mais comuns na infância, portanto, os pais devem ficar atentos.

Quais são os tipos de epilepsia infantil?

Existem diversos tipos de epilepsia infantil, entretanto as crises epilépticas podem ser divididas em dois grandes grupos:

Conforme o próprio nome já diz, remete aos sinais incorretos que afetam somente um hemisfério ou uma determinada região de um hemisfério cerebral.

Quando acomete o cérebro inteiro.

É importante ressaltar que a crise epiléptica é diferente da epilepsia. A primeira diz respeito ao fenômeno em si, enquanto a segunda é mais utilizada para caracterizar a condição ou a doença.

Detecção da Epilepsia infantil 

Primeiramente é necessário ressaltar que existem várias condições que podem acometer a consciência de uma criança, mas que não configuram necessariamente em uma crise epiléptica, como queda de pressão, por exemplo.

Portanto, os sinais de que seu filho está tendo uma crise são quedas seguidas de:   

É importante ressaltar que embora a criança aparente sentir dor, ela não está. Pois está totalmente desacordada, e embora não haja nenhuma forma de interromper a crise no momento em que ela está ocorrendo, existem formas de torná-las menos perigosa. 

O que fazer durante uma epilepsia infantil?

A primeira indicação é talvez a mais importante de todas. Que é retirar as proximidades objetos pontiagudos ou cortantes que possam oferecer risco de ferimento para a criança, e também afrouxar as roupas, caso sejam muito justas. 

Outra dica importante é proteger a cabeça da criança, impedindo que os movimentos bruscos realizados pelo próprio corpo possam ferir a cabeça

Dependendo da crise algumas crianças podem vomitar, por isso uma das recomendações é virar a cabeça da criança de lado para evitar que ele se engasgue com seu próprio vômito.

Muitas pessoas dizem que já ouviram falar que uma das indicações é impedir a todo custo que a criança morde a própria língua, entretanto, essa é uma recomendação que não deve ser feita e o órgão muscular não representa perigo. 

Logo o que resta é esperar a crise se encerrar e não assustá-la para que ela se sinta acolhida.

Também deve ser levada ao médico para saber quais são as causas da crise, se pode ser diagnosticada como uma forma benigna ou como sintoma de alguma síndrome epiléptica mais grave. 

Como diagnosticar uma síndrome epiléptica?

Há uma infinidade de tipos de síndromes epilépticas que ocorrem na infância.

Alguns dos fatores que devem ser considerados no diagnóstico são as características das crises, que devem ser descritas ao pediatra ou ao neurologista ou ao neuropediatra.

Alguns pais inclusive registram as crises em vídeo, um fator que também pode ajudar no diagnóstico das epilepsias infantis. 

Além disso outros dados importantes que devem ser apresentados ao médico durante a consulta são: 

No caso de síndromes epilépticas desenvolvida a partir de traumas cerebrais ou de infecções cerebrais como encefalite, serão solicitados exames de imagem como: 

Principalmente se houver suspeita de meningite. 

Um exame bastante utilizado e que pode ajudar na identificação da crise da síndrome epiléptica é o eletroencefalograma na qual registra a atividade elétrica cerebral da criança.

Causas e Sintomas de epilepsia infantil

Existem muitos tipos diferentes de epilepsia infantil, portanto suas causas dependem diretamente das características de suas síndromes, quando são caracterizadas como severas.

Algumas crianças desenvolvem epilepsia como resultado de ferimentos na cabeça causadas pelo parto, por exemplo, como: falta de oxigênio, baixo peso ou mesmo hemorragia ao nascer.

Além disso, alguns podem sofrer alterações por trauma na cabeça, decorrente de acidentes domésticos. 

Por malformações congênitas, assim como acidentes vasculares cerebrais que também podem acontecer em crianças, assim como as infecções encefalite e meningite.

E em algumas crianças podem ser causadas por tumores cerebrais.

Neste caso a epilepsia é caracterizada como sintomática ou secundária.

Há também aquelas síndromes epilépticas desenvolvidas a partir de causas genéticas, que podem ser herdadas de um ou de ambos os pais. Ou também por mutações raras nos genes das crianças. 

Neste caso, a epilepsia é chamada de idiopática.

Uma das causas mais comuns de epilepsia na infância é a Síndrome de West.

Qual tipo de epilepsia mais grave?

Em relação à gravidade das epilepsias a gravidade depende de vários fatores, dentre eles: 

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Para concluir…

As epilepsias são muito comuns e causam impacto negativo na qualidade de vida das pessoas. 

As crises epilépticas costumam ocorrer de forma inesperada e requerem tratamentos adequados, orientados por médico. 

Ao se deparar com uma pessoa tendo crise epiléptica você deve garantir a segurança da mesma e chamar o serviço de emergência. 

Confira também o artigo: Evolução da Epilepsia e a sua relação com outros transtornos (2022)

Suas dúvidas sobre os tipos de epilepsia foram esclarecidas? Deixe um comentário abaixo e compartilhe conosco sua opinião. 

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