No texto de hoje vamos falar sobre as miopatias.
Ao conversar com os pais você toma conhecimento que ele costumava cair muito, e demorou mais do que o normal para começar andar. Assim, por volta dos quatro anos, o quadro passou a ficar mais evidente, e vem piorando progressivamente.
Seu afilhado praticamente não consegue correr e nem subir escadas.
Os pais até chegaram a procurar ajuda médica algumas vezes, mas não obtiveram diagnóstico. Preocupado com a saúde do seu afilhado, você o leva a um neuropediatra e, após uma minuciosa avaliação e realização de exames, você e os pais são informados que ele é portador de uma miopatia chamada distrofia muscular de Duchenne.
O que é miopatia?
A miopatia é uma condição genérica de afecções musculares, na qual as fibras do músculo esquelético são acometidas por disfunções de diversas causas.
Por apresentar um amplo espectro clínico, para tratar corretamente a pessoa com miopatia o médico precisa coletar informações desde o início da investigação.
Essa patologia é classificada em quatro principais tipos, sendo o tratamento e o prognóstico dependem dessa classificação.
A incidência de miopatias é de aproximadamente 5 casos para cada 100 mil pessoas por ano, e a prevalência anual pode variar de 15 a 33 casos para cada 100 mil pessoas.
Embora o músculo esquelético seja o principal alvo, as neuropatias inflamatórias são uma doença sistêmica, por isso, também podem afetar a pele, os pulmões e as articulações.
Quais são os tipos de miopatia?
As miopatias são divididas em quatro tipos:
- Miopatia congênita;
- Distrofia muscular;
- Distrofia miotônica;
- Miopatia inflamatória.
Miopatia congênita
A miopatia congênita é uma condição hereditária rara que geralmente se manifesta no recém-nascido por meio e sintomas de perda do tônus muscular, perda de reflexos e fraqueza muscular generalizada. Vale ressaltar que esse tipo de miopatia não tem caráter degenerativo.
Distrofia muscular
A distrofia muscular também é uma miopatia hereditária, mas desenvolve-se de maneira degenerativa.
Assim, antes de completar 5 anos a criança já apresenta disfunções musculares significativas, o que leva rapidamente a limitação de movimentos.
As principais formas desse tipo de miopatia são a distrofia muscular de Duchenne e de Becker.
Distrofia miotônica
A distrofia miotônica é também conhecida como doença de Steinert. Nessa doença, o músculo se contrai e permanece rígido por um tempo prolongado, o que recebe o nome de miotonia.
Ela é do grupo das neuropatias adquiridas, sendo transmitida de maneira autossômica dominante.
Miopatia inflamatória
Por fim, a miopatia inflamatória tem um caráter autoimune, sendo adquirida ao longo da vida.
As principais manifestações são a dermatomiosite, uma inflamação da pele, e a polimiosite, uma inflamação generalizada dos músculos, sendo que a primeira pode apresentar lesões cutâneas.
Quais são as perspectivas para o tratamento da miopatia?
O tratamento da pessoa com miopatia depende da causa da doença. Os objetivos desse tratamento, no entanto, são avaliar os sintomas e diminuir a progressão da doença.
Medicamentos para miopatia
Os medicamentos à base de corticosteróides são os mais utilizados em pessoas com os diferentes tipos de miopatia. Isso acontece, pois, eles são capazes de:
- Retardar o progresso da doença;
- Diminuir a inflamação;
- Otimizar a movimentação dos membros.
Entretanto, o uso prolongado desses medicamentos deve ser monitorado, pois, eles podem causar efeitos adversos, como perda óssea, hipertensão arterial e ganha de peso.
Medicamentos imunossupressores e imunobiológicos também podem ser utilizados como terapia medicamentosa. Considera-se adotar esses tratamentos de forma a evitar ou diminuir as reações adversas causadas pelo uso prolongado de corticosteróides.
Fisioterapia
A fisioterapia é recomendada em todos os tipos de miopatia. Nesse sentido, exercícios de alongamento e fortalecimento aumentam a força muscular sem causar danos às fibras do tecido. As vantagens desse tratamento abrangem desde uma maior flexibilidade e diminuição de desenvolvimento de contraturas, até o melhor controle da dor.
A fisioterapia respiratória, por sua vez, pode ser implementada como um tratamento de suporte quando há comprometimento da capacidade vital em alguma fase de desenvolvimento da doença.
Massagens
Esse tipo de tratamento é utilizado como paliativo para amenizar as dores causadas pelas afecções e inflamação.
Ademais, as massagens podem auxiliar no relaxamento de músculos excessivamente contraídos, como ocorre em alguns casos de miopatia.
Cirurgia
Para as contraturas, deformidades e escoliose há a possibilidade de tratamentos cirúrgicos que podem ajudar o paciente em sua recuperação.
Esses procedimentos são importantes principalmente em pessoas com miopatia congênita, na qual a fraqueza muscular e a hipotonia contribuem para a redução da mobilidade das articulações e, consequentemente, as deformidades articulares.
Vale ressaltar que, independentemente do tipo de tratamento, a abordagem terapêutica deve acontecer o mais cedo possível, com o objetivo de proporcionar o melhor ao paciente.
O objetivo principal é a recuperação e a manutenção das fibras musculares, otimizando a amplitude de movimentos e dores crônicas
Tratamento com células tronco
Apesar de entraves políticos e religiosos, espera-se que, antes do tempo previsto, as pesquisas com células-tronco embrionárias mostre como é possível fabricar músculos para substituir aqueles que estão se degenerando nos portadores da distrofia muscular de Duchenne.
Como se pode notar, o tratamento para miopatia é multidisciplinar. Ele depende da investigação detalhada de casos na família e análise de exames físicos, laboratoriais e exames histopatológicos.
Assim, a partir desses dados é possível determinar o tipo de miopatia e a melhor conduta clínica a ser adotada.
Leia sobre outras doenças neurológicas:
– Conheça as 5 doenças neurológicas mais comuns e como cada uma afeta o seu corpo
– [2022] Alzheimer em jovens
Conclusão
Para concluir, as miopatias são doenças que afetam predominantemente os músculos esqueléticos, e atingem principalmente crianças.
Apesar de não haver cura o tratamento multidisciplinar, iniciado o mais cedo possível, ajuda a melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Ainda, pesquisas com células-tronco têm se mostrado promissoras.
Gostou desse conteúdo? Deixe seu comentário abaixo e compartilhe conosco sua opinião.
Dr. Francinaldo Gomes é Neurocirurgião. Mestre em Neurociências. Membro da Comissão de Apoio, Qualificação e Gestão Empresarial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Número de registro: CRM 6346 PA – RQE 3805 CRM 103790 SP – RQE 30517