Eu sou o Doutor Francinaldo Gomes, médico neurocirurgião, especialista em neuromodulação, epilepsia e cannabis medicinal, e neste artigo nós vamos falar sobre a meningite.
Você vai saber o que é a meningite, quais os tratamentos, se ela é contagiosa e como é possível prevenir a doença.
O que é a meningite?
A meningite é uma condição na qual ocorre uma inflamação das meninges, ou seja, das membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal.
É uma doença endêmica no Brasil, possui uma alta incidência, havendo ocorrência ocasional de surtos e epidemias de meningites infecciosas.
A meningite em crianças é mais comum especialmente entre aquelas menores de cinco anos de idade, com destaque para aquelas que ainda não completaram o primeiro ano de idade.
Contudo, a meningite em adultos também pode ocorrer em diversas situações, podendo ser provocada por diferentes causas.
A doença tem sintomas e tratamentos que variam de acordo com as causas das inflamações, por isso a identificação de sua manifestação tem grande relevância.
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O que causa meningite?
Na grande maioria das situações o surgimento de inflamações nas meninges ocorre por conta de uma infecção no líquido cefalorraquidiano provocada por vírus, bactérias, fungos ou mesmo por outros parasitas.
Existem situações em que traumatismo cranianos, consumo de certas drogas e até pela presença de algumas patologias crônicas, como câncer ou lúpus.
Quais são os principais tipos de meningite?
Existem diversos tipos de meningite determinados pelos fatores causadores da doença.
Meningite viral
A meningite viral é a manifestação mais comum e também a menos grave da doença que atinge as pessoas normalmente no período entre o fim do verão e o começo do outono.
Trata-se de um tipo transmissível da doença que usualmente é transmitido pela saliva, pela via pela relações sexuais ou mesmo por meio de objetos contaminados.
Um dos subtipos mais conhecidos é a herpética, que ocorre como agravamento da doença viral causada pelo vírus da herpes.
Outros vírus normalmente associadas à meningite inclui o vírus do sarampo da caxumba, da corio meningite linfocítica, o adnovírus, arbovírus e os enterovírus.
Meningite bacteriana
Já as meningites bacterianas geralmente têm maior gravidade, evoluindo rapidamente e em casos mais severos podem ser fatais em questão de horas.
Os principais causadores da meningite aguda são as bactérias associadas à doença que podem ser inúmeras, com destaque para o hemófilo, o meningocópio entre outras.
Entre as mais conhecidas estão o micobacterium tuberculoses, causador da tuberculose, o meningocópio tipo B, que provoca meningite B, uma das formas mais letais da doença.
Contudo preste bastante atenção na meningite meningocócica, que é a meningite de maior intensidade causada pelo meningococo e que pode ser disseminada facilmente entre pessoas contaminadas.
A meningite bacteriana também pode ocorrer pela evolução da infecção nos seios da face, no ouvido e bactérias da corrente sanguínea.
Também pode ser decorrente de procedimentos invasivos do sistema nervoso central como por exemplo a realização de cirurgias.
Meningite fúngica
A meningite fúngica possui recorrência menor, mas pode ser preocupante.
Ela ocorre quando o sistema imune está comprometido como nos casos de pacientes que têm o vírus do HIV, pessoas que têm câncer ou outras condições que exigem tratamentos com imunossupressores.
A manifestação pode evoluir durante vários dias e exige um combate prolongado e pode deixar sequelas para toda a vida.
Esse tipo de meningite tem transmissão pela inalação de fungos e não pode ser passada de pessoa para pessoa.
Na maioria dos casos ocorre a meningite criptocócica causada por fungos do gênero cryptococcus, que podem estar presentes no solo, em fezes de animais ou mesmo em árvores.
Como resultado nessas situações ocorre uma micose sistêmica que geralmente se manifesta como uma infecção oportunista de alta mortalidade e mortalidade comum em pessoas HIV positivas.
Meningite parasitária
Meningite parasitária ocorre quando a inflamação da meningite é causada por parasitas e associada a várias doenças parasitárias.
Em geral elas são pouco comuns em relação a meningite bacteriana e a viral.
O parasita é um organismo que infecta animais, como, por exemplo, camarões, caranguejos, lesmas e caramujos de determinadas espécies.
A transmissão em humanos pode ocorrer no contato como moluscos crustáceos ou ainda no consumo de camarão e de outras carnes de animais infectados.
A evolução desse tipo de meningite é benigna, mas pode variar bastante durando poucos dias ou até meses, gerando dores de cabeça forte, rigidez na nuca, enjoos, confusão mental entre outros sintomas.
A meningite asséptica
A meningite asséptica provoca uma inflamação da meninge sem a presença de Agentes infecciosos a causa para esse tipo de quadro ocorre devido algumas doenças crônicas ou pelo consumo de determinadas drogas.
Entretanto a mais comum é a meningite traumática, que surge após uma pancada forte na cabeça gerando um traumatismo e usualmente algum grau de sangramento na cabeça.
Quais são os sintomas da meningite?
Os sintomas podem variar de acordo com a faixa etária da pessoa.
Crianças menores de dois anos tem sinais inespecíficos como sonolência excessiva e irritabilidade, recusa para mamar e febre.
A partir dessa idade outros indicadores aparecem sendo que sua intensidade e ocorrência muda conforme o tipo da meningite.
Em geral os pacientes apresentam manifestações iniciais que incluem:
-dor de cabeça muito intensa,
-vômitos não desencadeados pela ingestão de alimentos,
-febre alta e repentina.
Depois com o avançado a doença outros sintomas podem ser associar ao quadro como por exemplo:
-náuseas,
-sensibilidade à luz,
-confusão mental,
-mal-estar generalizado,
-sonolência excessiva,
-falta de apetite,
-manchas vermelhas na pele,
-convulsões também podem ocorrer.
Sempre que os sinais da meningite forem percebidos é indispensável buscar um pronto atendimento para realizar uma avaliação e serem encaminhados para consulta médica, ou mesmo para internação.
Como diagnosticar a meningite?
O diagnóstico começa na atenção aos sintomas que devem ser investigados sobre a menor suspeita sobre a doença.
Alguns exames de rotina para a sua investigação devem ser solicitados pela equipe médica, os principais são: tomografia computadorizada para avaliar a presença de hidrocefalia e algumas vezes abscesso cerebral e acúmulo de pus.
O exame também ajuda a avaliar se pode ser colhido líquido para a análise do lico para pesquisa de bactérias e fungos, ou no sangue e de outros fluidos corporais.
Ao identificar os agente causador específico o especialista pode ministrar o tratamento mais adequado.
Um indicativo importante é a visualização do próprio aspecto do lico que em processos infecciosos se torna mais turvo por conta do aumento de elementos figurados.
Como é feito o tratamento da meningite?
Por ser considerado uma doença grave ala tem tratamento que sempre exige internação hospitalar.
Para os casos suspeitos na meningite bacteriana são utilizadas antibióticos hospitalares, sendo que as substâncias e as dosagens são determinadas de acordo com cada pessoa.
Por outro lado as meningites virais não devem ser tratadas com antivirais, a internação é feita com monitorização contínua e combate dos sintomas até que ocorra a recuperação espontânea.
Nessas situações a exceção é para o vírus influenza e da herpes que podem exigir a utilização de medicamentos antivirais específicos em alguns pacientes.
As meningites parasitárias seguem a mesma lógica, mas a atenção ao remédio para aliviar os sintomas é ainda maior sendo que as dores de cabeça e a febre tendem a ser mais intensas.
Já na meningite fúngica como já citado anteriormente o tratamento é bem mais longo, ele exige dosagens altas e recorrentes de antifúngicos que também variam de acordo com o agente causador.
Quando existe complicação da meningite como a ocorrência de abcesso ou mesmo de hidrocefalia pode ser necessário um procedimento cirúrgico.
Prevenção da Meningite
A forma de prevenir a doença incluem profilaxia e a vacinação.
Segundo o Ministério da Saúde, diferentes vacinas de meningite estão disponíveis no calendário do programa nacional de imunização.
Na verdade além das vacinas específicas contra certos tipos da doença, várias outras protegem contra outras condições que podem levar a inflamação.
Diversas vacinas estão disponíveis no Sistema Único de Saúde, confira algumas clicando aqui.
No caso da química profilaxia medicamentosa a indicação é para quem teve contato com pessoas acometidas pela meningite meningocócica ou por hemófilo influenza.
Também deve-se ficar atento aos métodos de prevenção contra as formas transmissíveis da meningite evitando aglomerações, gotículas de saliva, objetos compartilhados e outras formas.
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Considerações finais sobre a Meningite.
Para concluir, a meningite é uma inflamação das meninges.
Ela é mais comum em crianças e pode produzir sequelas que podem durar toda a vida ou até podendo levar à morte.
Por isso, é imprescindível tomar as medidas para prevenir e ficar atento aos sintomas da meningite e buscar um pronto-socorro e atendimento sobre qualquer suspeita.
O tratamento deve ser feito o mais precocemente possível.
Você ficou com alguma dúvida sobre a doença? Deixe um comentário para que possamos tirar a sua dúvida.
Dr. Francinaldo Gomes é Neurocirurgião. Mestre em Neurociências. Membro da Comissão de Apoio, Qualificação e Gestão Empresarial da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.
Número de registro: CRM 6346 PA – RQE 3805 CRM 103790 SP – RQE 30517